"A maternidade é maravilhosa"; toda mãe diz isso. Mas o que muitos não sabem é que aquele bebezinho lindo e cheiroso não tem manual de instruções e vamos aprendendo a lidar com os problemas conforme eles vão aparecendo. Não pense também que o manual o filho mais velho pode ser reutilizado. O que vale pra um geralmente não tem efeito sobre o outro.
O Eduardo e a Helena, apesar de serem super arteiros na vida domésticas e brigarem muito entre si, na vida social são dois anjos. Nunca recebi uma única reclamação deles em nenhum lugar por onde passaram. Geralmente são super generosos e as vezes eu os considero até meio bobinhos porque nao gostam de arrumar encrenca com outras crianças.
A Luísa em compensação sempre foi muito mais "determinada", digamos assim. Desde muito pequena sempre "chegava chegando", como eu gosto de dizer e se fazia presente. Mas nunca foi uma criança agressiva.
Após alguns meses no Canadá eu percebi que ela estava um pouco mais agressiva em algumas situações, especialmente com crianças muito pequenas. Não que ela batesse nas crianças, mas quando via um bebê aprendendo a andar se divertia com o fato da criança cair ao menor toque e ficava perseguindo a criança no parque ou onde estivéssemos e dava "pequenos esbarrões" na criança para morrer de rir quando ela caísse sentada.
Eu vivia procurando buracos para enfiar a cabeça quando isso acontecia e comecei evitar lugares onde tinham muitas crianças pequenas.
Há alguns meses atrás a perseguição por crianças pequenas acabou, mas a minha situação não ficou melhor, menos ainda a da Luísa. De alguma forma ela aprendeu a extravazar seus sentimentos através de mordidas. Quando estava muito feliz ou muito brava acabava mordendo os irmãos, e algumas vezes, eu e o Sergio também. Em pouco tempo todos ficamos espertos mas eu não esperava pelo lógico: ela começou morder outras crianças também.
Não era sempre e, menos ainda, sem motivo (se é que existe motivo justo pra se morder alguém), mas mesmo tendo 100% da razão, as mordidas acabavam deixando a Luísa no papel de vilã e algumas pessoas começaram criar uma personagem má para minha filha.
Foram momentos muito difíceis pra mim. Eu diria que de muita tristeza, porque eu conheço a minha filha e sabia que aquela imagem não era justa. Na falta de uma psicóloga por perto eu recorri à internet e à pediatra e começamos nossa luta familiar para resolver este problema.
Dentre as várias coisas que descobri foi que na idade dela isso é relativamente comum (não me convenci). Também descobri que crianças que mordem podem estar sofrendo violência em casa (começamos observar mais as nossas reações e as reações dos mais velhos em momentos de stress) e por fim, eu descobri que mudanças bruscas na rotina da criança como a chegada de um irmãozinho ou uma mudança de casa podem levar a um comportamento mais agressivo como as mordidas.
Mudança de casa??? Mas ela não mudou de casa??? Ela mudou de país, de lingua, de cultura, de casa 3 vezes e mais um monte de mudanças repentinas e sem explicação nenhuma para a cabecinha dela. Este pode ter sido o motivo, mas pode ter sido outro qualquer. O fato é que eu fui aprendendo a lidar com aquela situação.
Aprendi que no caso da mordida, não só a criança que foi mordida precisa de socorro, a criança que mordeu também porque elas sentem remorso, principalmente se conhecem a criança que morderam. A Luísa sempre chorava muito quando mordia alguem e falava da mordida por muito tempo.
Aprendi que não devemos repreender a criança que mordeu e sim explicar a ela porque ela não deve morder. Mostrar o quanto doi, mostrar que a outra criança ficou muito triste e ensina-la a reagir de outra forma quando estiver com raiva, por exemplo (conselho da pediatra) jogando uma almofada na parede, rs. Mas tudo com muito carinho, com muita tranquilidade, sem recriminação.
Aprendi também a usar o velho e bom reforso positivo, elogiando quando a criança brinca direitinho, valorizando o bom comportamento dela e não deixando o "mau comportamento" ficar em evidência para que ela não use isso para chamar a atenção dos pais.
Enfim, não quero escrever nenhum tratado de como ajudar uma criança a não morder mais, rs. O fato é que já faz um bom tempo que não tenho nenhum problema de comportamento com a Luísa. Ela continua com sua personalidade, correndo atrás do que quer, briga quando "necessário" mas daquele jeitinho normal que criança faz, nada que as outras crianças não façam também.
Ela anda muito mais tranquila, ainda mais carinhosa e pra ser bem coruja, está naquela fase deliciosa em que a criança solta a lingua e começa repetir tudo o que a gente fala e faz. Com o telefone em punho e a bolsinha pendurada no braço, igualzinho eu faço:
- Alô Renata, a Olivia vai vir aqui em casa hj? Então tchau, um beijo!
PS: na tentativa de ajudar minha filha, muitas pessoas acharam que eu estava sendo permissiva. Ficavam bravas porque eu não a recriminava, porque eu a pegava no colo, tirava da situação e ia conversar com ela em outro lugar e voltávamos minutos depois sorridentes como se nada tivesse acontecido, rs.
Eu sinto muito por estas pessoas, mas na verdade eu estava ajudando não só a minha filha, mas evitando que aquela criança fosse mordida novamente.
Eu imagino que seja muito irritante ver um filho com uma marca de mordida, mesmo que ele não seja nenhum santo, rs. Eu realmente senti muito pelas crianças que foram mordidas (4 ao todo) e me lembro de cada situação como se fosse hj. Quero que estes pais saibam que foi muito difícil pra mim e que acolhendo a minha filha eu não estava passando a mão na cabeça dela e sim tentando resolver o que pra mim era um grande problema.
Hoje eu tenho certeza que valeu a pena. Mas não se enganem, ela continua sabendo se defender muito bem, só que sem usar unhas e dentes.
PS2: pra mim, mudanças repentinas de comportamento não são normais. Eu sempre considero como um pedido de ajuda e sempre fico atenta para detecta-las o quanto antes e tentar fazer alguma pra ajudar meus filhos a resolverem seus problemas.
Qualquer mudança traz seus traumas e transtornos. É normal, Mas sei que logo, logo essa fase passa.
ReplyDeleteE a vida segue...
Finalmente consegui noticias suas, torcemos muito por vcs.
ReplyDeleteO rafa ainda fala muito do Edu com muita saudades por sinal.
Mande seu email para podemos nos comunicar, pois eu não entendo nada de blog, rs.
simoespati@terra.com.br
Beijos e sejam felizes
Pati, Cesar , Rafa e Sofia
Marilena, infelizmente não existe manual pra mãe também!!! Se tivesse lido seus posts antes, mudaria muita coisa que fiz errado na educação dos meus filhos. Cada mãe sabe o filho que tem, às vezes "fingimos" não enxergar, mas no fundo sabemos seus defeitos e consequentemente os nossos também. Fique tranquila sua filinha linda, é igual a todas, só muda o endereço, relaxa...Você é uma excelente mãe, sei disso, e sempre estará atenta a qualquer problema que surgir. Sou fã da Luísa!!!
ReplyDeleteUm beijo pra você,
Silvia
Mari,
ReplyDeleteConcordo com o que a Sylvia falou. Que nós mães também não temos manuais, na verdade o nosso manual é o instinto e o amor por esses pequenos pois cada um é diferente do outro, com toda certeza.
Aqui em casa aconteceu uma vez algo parecido. Mas no nosso caso, a Chris não tinha sido mordida e sim a melhor amiguinha dela na escola. Não foi 1 mordida , foram 3 e fundas de uma mesma criança. A escola não estava conseguindo lidar com aquilo e depois de repreender a criança que mordia, não dar as balinhas quando a mesma mordia , deixar a criança sem brincar entre outras coisas, a escola desistiu depois de um baixo assinado para tirar a criança de la, pois ela era um "risco" para outras crianças.
Eu fiquei revoltada...achei isso uma tamanha falta de preparação e injustiça com a criança e com a mãe tb , que estava tentando de todo jeito achar uma forma de evitar com que a filha parasse.
Eu fui bem clara na reunião e disse que tinha ficado muito espantada com tudo aquilo e que na verdade um pouco mais de atenção e acompanhamento seria bom ao invés de priva-la das coisas , o que ao meu ver era pior.
Resumindo ...
No caso de ser a criança mordida ou a que mordeu como vc mesma disse, as duas precisam ser trabalhadas sim.
E olha, não é porque eu gosto de vocês ou acho os pequenos lindos que digo isso não. A fase de morder realmente existe e eu pesquisei a respeito na época da escola e realmente se deve ao fato de alguma mudança brusca na rotina sim ... não só morder como muitas outras coisas.
E olha minha amiga, ser mãe é olhar para sua filha e realmente encarar o problema sem esquentar com o que os outros irão pensar.Você fez muito bem.
Aliás, sensatez e compreensão também são muito bons.
Mari, sua família é linda e com certeza a Chris vai amar os pequenos...
Bjs!
Sou suspeita a falar qualquer coisa porque sou fã de seus pequenos, diríamos que são os melhores amigos da Olívia. rs
ReplyDeleteVivendo e aprendendo! E você faz isso com muito amor e carinho, além de ajudar quem está a sua volta.
Beijos
Nem me falem em coisas erradas que fazemos na educação. Eu estou sempre me sentindo culpada por qualquer coisa que aconceça e sempre acho que eu errei em alguma coisa, rs.
ReplyDeleteNinha, esta escola merecia um bom processo porque o que ela fez foi um absurdo sem tamanho. Se nós pais devemos estar sempre atentos e tentando ajudar nossos filhos, a escola tem obrigação de estar preparada para esta ajuda. Eu particularmente acredito que não exista criança má por natureza. Existem sim crianças mal educadas ou pais despreparados para lidar com estas situaçoes. Mas a escola tem que estar sempre preparada. Um absurdo mesmo.
Hoje a luisa esta bem mais tranquila e ninguem acreditaria que esta menina boazinha passou por uma fase de mordidas, rs.
bjs a todos
kkkk eu me vi em seu posting pois eu sempre tiro Clara de cena e converso com ela em particular. ela sempre volta sorrindo, como se nada tivesse acontecido kkkkk
ReplyDeleteminha filhota nunca mordeu thks god
mas eu acho o máximo seu jeito de perceber os problemas (a escolinha do Edu, mordidas da Luisa, pelo jeito a do meio se salvou (Helena eu tb sou do meio!!!!)
parabéns a voce