Assim como a Somnia constratou na Suecia, aqui no Canadá as relações com vizinhos são muito amistosas, de Bom Dia-Boa Tarde, mas não é fácil se aproximar deles. Mesmo as vizinhas italianas que já estão aqui há muitos anos, são bem diferentes da "italianada" que eu conheci no Brasil: elas chegam sorridentes, fazem milhões de perguntas sobre sua vida e depois voltam para o Bom Dia-Boa Tarde como se nada tivesse acontecido.
Certa vez, eu estava na cozinha preparando meu almoço e meu vizinho do lado mexendo no carro. De repente, eu me distraio e o oleo pega fogo no fogão. Rapidamente eu consegui apagar o fogo, mas o alarme disparou e a cozinha ficou envolta em uma fumaça preta tão densa que sujou o teto da cozinha inteiro. Eu abri toda a casa, mandei as meninas ficarem no quarto delas e fiquei na maior correria tentando diminuir aquele fumaceiro para o alarme parar. E meu vizinho, arrumando o carro como se nada estivesse acontecendo!!!
Não é possivel que ele não viu a fumaça preta saindo pelas janelas e nem ouviu o alarme gritando feito um doido!!! Mas as vezes, a privacidade aqui é levada a extremos e as pessoas têm até medo de se oferecer para ajudar.
Por um lado, este distanciamento é bom. Eu me sinto super à vontade por aqui porque sei que ninguem está cuidando da minha vida. Fora raras exceções, as pessoas não ficam reparando nas suas coisas e nem te julgando.
Por outro lado, as relações são distantes. É dificil, pra mim, quebrar o gelo e fazer uma aproximação. As pessoas são muito reservadas e apesar de serem educadas e até solicitas, elas colocam sempre um muro entre vc e elas e pra ser sincera, eu ainda não sei muito bem com transpor estes muros. Sem contar que existem algumas "colonias" absolutamente fechadas.
Mas nada que um sangue latino não possa resolver. No basement aqui embaixo, mudou-se a semana passada um casal da Costa Rica com um cachorrinho. Ao contrario de toda a vizinhança, os dois já chegaram tentando fazer amizade. Sempre que nos encontramos, eles conversam, brincam com as crianças, são sorridentes, gentis e não colocaram muros nos separando. De repente eu me senti novamente la no Brasil com minhas vizinhas. Tudo bem que elas eram "espiculas" e adoravam uma fofoquinha, mas eu me sentia super tranquila porque sabia que minha casa nunca pegaria fogo. Ao primeiro sinal de fumaça, uma meia duzia ja estaria batendo no meu portao enquando as outras já estariam chamando os bombeiros.
Se por um lado eu sabia que minha privacidade era zero e que alem de cuidar, elas comentavam, reparavam, criticavam e tudo o mais, por outro, eu sabia que se precisasse de alguma coisa, poderia pedir sem receios.
Hoje recebi uma visita e não tinha refrigerante gelado para oferecer. Fui na casa da minha "vizinha" ver se ela tinha gelo pra me emprestar. Sem cerimônias, ela me mandou o gelo e eu não me senti constrangida ou fiquei preocupada com o que ela ia pensar de mim, rs. No final da tarde pedimos uma pizza, conversamos até anoitecer e agora eu fico aqui pensando em vários pré-conceitos que nós brasileiros aprendemos desde pequenos e que nos perseguem pela vida inteira.
Aos poucos, meus valores estão sendo revistos nestas terras geladas e agora, me lembrando dos primeiros posts que fiz aqui no Canadá e de um comentário muito enfático da Marília, de Vancouver, eu estou aqui com meus botões tentando decidir se mando ou não meus filhos para a escola católica do bairro, que por sinal é excelente (mas este é um assunto para um próximo post)!!!
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Essa distância não é nada demais para nós brasileiros. A gente tira de letra.
ReplyDeleteE a vida segue..
Ola Mari (olha a intimidade ai, heheh)
ReplyDeleteNo Brasil nos sempre moramos na mesma casa, com os mesmos vizinhos. Então era o proprio samba do criolo doido, mesmo com a privacidade zero, um sempre cuidava do outro. De açucar por cima do muro a panela de comida pro outro lado da rua, rolava tudo!! Aqui ficamos no bom dia-boa tarde e pronto. Ja me acostumei, mas acabo sentindo falta!!
Abraçosss
Oi Mari! Sempre tem os 2 lados, né? Eu já tive vizinhos que sabiam de todos os meus passos. Rerererere... Eu chamava o grupo de velhinhas de "serviço de inteligência da rua". :-)
ReplyDeletePor um lado é bom que a gente se sente mais seguro. Mas todo mundo ficar cuidando da vida da gente incomoda muito às vezes.
Daí depende mesmo do perfil de cada um, né? Não sei qual seria o ponto ideal, mas pelo menos cuidar de uma fumaça vindo da janela ao lado seria bom. :-)
Abraços!
Olha, eu nunca tive isso no Brasil, e depois de morar quase 15 anos fora, jah me acostumei com a distancia, as vezes acho estranho qdo as pessoas sao muito chegadas ha, ha, ha, mas aqui ateh que tem um pessoal que conversa e tals, nao sei se nos salvariam caso houvesse um incendio, mas... tbem nao quero descobrir ha, ha, ha
ReplyDeletebjs
É muito interessante...vocês sabem...eu acompanho vocês, desde a chegada ai no Canadá...vocês estão passando por tudo que eu passei, exatamente igual! A empolgação no começo, algumas críticas de agora (como essa de "difícil quebrar o gelo local")...espero que continuem gostando, pra ficar por ai, mas....vou continuar acompanhando.
ReplyDeleteSimone
Essa distância no começo pode parecer um mero detalhe... uma barreira a ser quebrada. Mas depois de um tempo, se torna muito difícil a comunicação com pessoas... elas não se aproximam, não falam com vc pra pedir licença, pra avisar que seu ziper esta aberto... nada. No começo curti essa liberdade, mas depois de um tempo, comecei a me sentir meio ... zumbi!
ReplyDeleteMas bom, eu morava sozinha, longe da familia.. isso com certeza colaborava. To curtindo o blog. Beijos!