Mar 22, 2011

Não pode reclamar porque a escolha foi sua

Hoje eu conversei com uma amiga e estávamos falando das dificuldades da imigração. O marido dela fez exatamente o que nós fizemos: largou a zona de conforto dele na Europa e foi para o Brasil começar do zero.  Agora, depois de 7 anos, parece que ele finalmente conseguiu se estabelecer profissionalmente, mas foi difícil.

O interessante dessa conversa foi que as sensações que eles tiveram foram exatamente as mesmas que nós (Sergio e eu) temos em todo nosso processo.

Primeiro sentimos que tem muito mais gente torcendo contra do que a favor. Parece que quando as coisas dão errado, quando temos problemas e nos magoamos com alguma coisa, as pessoas ficam mais felizes. Não sei bem o que acontece mas parece um pouco aquela sensação de: já que eu não posso, não quero que ninguem consiga também.

E uma outra coisa que incomoda muito é o não poder reclamar. Já que fizemos a escolha temos que achar tudo maravilhoso ou sofrer calado, fingindo que está tudo bem. Não tem frase que irrita mais do que "a escolha foi sua, então não pode reclamar".

Eu escolhi sim, e ainda assim me sinto no direito de reclamar, de criticar, de me irritar com algumas coisas e inclusive de dizer que preferia o que eu tinha antes em algumas situações.

Mas voltando à conversa com minha amiga, foi muito bom saber que não são só os brasileiros que pensam e agem assim, rs. Na verdade essa parece ser uma característica da natureza humana e independente de onde nós viemos, o fato é que somos todos muito iguais.

As pessoas que encontramos por aqui, no fundo, são muito parecidas com aquelas que convivíamos lá no Brasil. Existe a união, mas também existe o interesse. Existe a compaixão, mas também existe a inveja. Existem os problemas, mas também existem as aparências. No fundo, é tudo a mesma coisa.  

E então eu fiz uma continha: calculei mais ou menos o número de pessoas que eu conhecia lá  e dividi pelo número de amigos verdadeiros que eu tinha (tenho ainda, que bom!!!). Então peguei o número de pessoas que eu conheço aqui e dividi pelo resultado da continha anterior. Se for proporcional o resultado desta conta me dará o número de amigos verdadeiros que eu deveria esperar encontrar aqui, rs.

Sabe o que deu??? Deu pra perceber que é facil conhecer pessoas, mas fazer amigos de verdade é uma tarefa bem mais complicada. Acho que estou no lucro ou sendo feita de boba, rs rs rs

6 comments:

  1. AMEI ESTE PARÁGRAFO:

    "As pessoas que encontramos por aqui, no fundo, são muito parecidas com aquelas que convivíamos lá no Brasil. Existe a união, mas também existe o interesse. Existe a compaixão, mas também existe a inveja. Existem os problemas, mas também existem as aparências. No fundo, é tudo a mesma coisa."

    Se me permite, faço das suas, minhas palavras! Vc resumiu tudo muito bem :)

    Abraços
    Rafaela

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  2. Vendo pelo lado bom, Rafaela, pelo menos todo mundo passa pelas mesmas coisas também, rs...

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  3. Oie Mari!
    Menina vou te dizer...infelizmente não é fácil saber de uma coisa dessas! rsrsrs A gente não quer acreditar, pois acha que indo para aí, vamos poder começar do zero mesmo, e poder atrair somente pessoas do bem, amigos verdadeiros etc.
    Eu tenho é que ficar esperta, e não criar expectativas em cima de ninguém! rsrsrs
    Graças á Deus eu e marido somos muito unidos, e isso é o que importa de verdade.
    Bjus de LuzZ!

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  4. Infelizmente no início a gente fica meio deslumbrada... com o tempo vamos descobrindo nem todo mundo pensa como vc, nem todo mundo tem os mesmos interesses e que nem todo mundo é boa companhia. O fato é que aqui ou aí, escolher amigos segue a mesma regra.

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  5. Mari, post fantástico!
    Por aqui também estamos passando por vários conselhos negativos o que tem de gente falando para não imigrarmos, que nossa vida aqui é boa, família por perto que estamos bem empregados, que marido está numa boa empresa e ganha muito bem, que as oportunidades aqui são boas e tal. Falam que aí o frio é insuportável, que as pessoas tem preconceito com imigrantes que é muito difícil se adaptar entre outras coisas que nos deixam super chateados com tanto palpites negativos.
    Nem dá vontade de contar, principalmente para familiares.
    Aiii será que aí é realmente como palpitam?
    Ufff desabafo.
    Grande beijo.

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  6. Bem Kamila, infelizmente eu não posso te ajudar muito nesta decisão, e as pessoas que palpitam também não. A decisão de imigrar é algo muito pessoal e cada um tem que saber o que é importante pra si e para sua família. O que eu posso te dizer:
    - Primeiramente avalie o que vc acha que vai encontrar aqui. Quais são as suas expectativas.
    - Então tente descobrir se o que vc procura vc vai conseguir encontrar mesmo. Muitas pessoas se decepcionam muito porque acham que vão encontrar uma coisa e a realidade é bem diferente.
    - O frio vai depender muito de sua persepção de frio e do lugar onde vc for morar. Existem lugares realmente frios e com invernos super longos, algumas cidades como Vancouver não tem invernos rigorosos, mas chove muito. Leve sempre em conta que todos os lugares têm aquecimento e as roupas são feitas para aguentar as temperaturas daqui. Ainda assim, tem gente que não aguenta. Eu não vejo grandes problemas no inverno de Toronto.
    - Eu nunca sofri preconceito. O país está super preparado para receber o imigrante e as pessoas estão acostumadas a conviver com eles. De uma maneira geral eu acho que todo mundo tem uma visão positiva do brasileiro (apesar de muita gente achar que no Brasil somos todos negros, vivemos em florestas e dançamos samba o ano inteiro).
    - Quanto a oportunidades, mais uma vez depende da área em que vcs trabalham, depende do que vcs procuram e do sacrificio que estão dispostos a fazer. No caso do Sergio o mercado no Brasil é muito maior e mais aquecido que o daqui, então temos muito mais oportunidades lá do que aqui.
    - A adaptação de uma maneira geral é fácil, em especial para as crianças e para nós brasileiros. É claro que o "jeitinho brasileiro" é muito mais difícil de ser usado por aqui, rs...

    Meu conselho: deixe os palpites entrarem por um ouvido e sairem pelo outro. O importante é ter em mente o que vcs estão procurando, o que é importante para vcs, qual o mínimo aceitável para vcs viverem bem em outro lugar. Leiam muito, leiam tudo o que vcs puderem a respeito do assunto. Pesquisem as cidades, a economia, os salários aqui, as dificuldade para se arrumar emprego em cada área, as escolas... enfim. Informação é a melhor maneira de não se decepcionar.

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Quando eu era criança, la na Vila Aurora, os nossos passeios de escola eram ate o Horto Florestal... talvez parque do Ibirapuera na formatur...